São Miguel de faca e garfo
June 13th, 2010
Na passava semana estive de visita à ilha de São Miguel, nos Açores. A ilha é fantástica, depois da desilusão que foi para mim a visita à Madeira, os Açores surpreenderam-me pela positiva. Férias é sempre sinal de comer “fora”, e como acho que acabei por ser muito bem servido por aquelas bandas partilho convosco um pequeno “roteiro” gastronómico.
Ao pequeno almoço:
Não reservei o hotel com direito a pequeno almoço, era quase tão caro como o quarto e achei que seria bem variar um pouco. Na primeira manhã comecei a dar a volta à ilha, viajando no sentido dos ponteiros do relógio, com a ideia de parar na primeira pastelaria! Passei por dezenas de tascas com agricultores a beber a cerveja à porta e por uma padaria que só fazia distribuição. Ou seja, nada de pastelaria para matar a fome e o vício da cafeína.
Já eram quase 11 horas quando encontramos um pub/mercearia onde conseguimos tomar umas excelentes “meias de leite” e devoramos umas ainda melhores tostas mistas. Não sei onde foi, já não via nada com a fome!
Nos dias seguintes procuramos pastelarias no centro de Ponta Delgada. Não há muitas, vi duas ou três. Fomos sempre bem atendidos em locais bem agradáveis para começar o dia.
A destacar a espuma que aquele leite faz, mais de metade da chávena da meia de leite, e o saboroso pão com manteiga dos açores. Resumindo, se forem para aqueles lados, pequeno almoço é no hotel ou no centro de Ponta delgada. Se gostarem de cerveja logo de manha qualquer não vão ter dificuldade em encontrar uma porta aberta.
http://restaurante100espinhas.blogspot.com/
O sem espinhas tem um ar muito descontraído e moderno, mas ao mesmo tempo com um toque de qualidade e muito bom ambiente. Bastou olhar para as mesas para perceber que o restaurante era diferente, uma mesa clássica mas com mais uns copos “normais” de cores a dar o toque especial. O atendimento foi excelente e a simpatia de quem nos serviu está muito acima do que estamos habituados pelo continente.
Vamos à comida. Já antes de entrar tinha ficado de olho no peixe porco, é um peixe que conheço( pesca, dentes, pele, cheiro) mas que nunca tinha provado. Sabia que os seus filetes são muito apreciados. Foi o que pedimos, filetes de peixe porco.
Quando olhei para prato pensei: Não vou comer isto! Os filetes vinham acompanhados de batata gratinada, legumes e um molho com queijo que era a loucura total! Posso dizer que foi um dos melhores pratos que alguma vez provei. Tudo no ponto, até a cenoura, que normalmente fica de lado, comi.
No último dia voltamos lá, depois de uma má experiência no “mercado do peixe” que tinha sido recomendado como sendo o melhor sítio da zona para comer peixe.
Eu fui para abrotea com batata e legumes, os mesmos acompanhamentos dos filetes de peixe porco mas servidos de forma diferente. Mais uma vez estava excelente.
Ela escolheu veja macerada em azeite extra-virgem com puré de trufas. Não cheguei a provar, mas tinha aspecto de estar bem bom .
Nas sobremesas a variedade não era grande, fiquei-me por um laminado de ananás com gelado. Não sei que gelado era aquele, mas era cremoso com nunca comi!
Fiquei fã do 100 espinhas e com vontade de provar todos os pratos. Tenho a certeza que lá vou voltar!
Encontrar onde almoçar em Ribeira Grande não foi difícil, bastou seguir as indicações de restaurantes nas ruas. Um estava fechado, o outro, à beira-mar e com muito bom aspecto, foi o escolhido(que remédio). Alguns carros de alta cilindrada à porta não me assustaram, estava de férias e com muita fome.
Depois de meia hora a olhar para a lista e tentar perceber o que eram os pratos, pedimos uma recomendação, e o prato recomendado foi telha de peixe com gambas. Peixe, bacon por fora, gambas e vai tudo ao forno numa telha de barro. Acompanhado por migas decoradas com ervas aromáticas e grãos de milho. Em três palavras: di-vi-nal
Escolhi este com a ideia de ir só petiscar e também para provar as famosas lapas grelhadas. A olhar lá para dentro notei que era um restaurante mais requintado que o 100 espinhas da porta ao lado, mas a lista da esplanada chamou por mim. Acabamos por petiscar: lapas, saladas e entradas, mas não ficamos por aí.
Como prato principal escolhemos um fantástico arroz de bacalhau com grelos. A travessa foi vazia para dentro. Com muito pena minha já não havia espaço para provar as sobremesas. ah, as lapas são demasiado caras para o meu gosto. Comem-se, mas não é nada de especial… e pelos vistos são apanhadas na Madeira!
O cozido das furnas:
Obrigatório. Quem vai a são Miguel tem passar pelas Furnas e provar o famoso cozido. É cozido colocando a panela dentro das caldeiras naturais perto da lagoa das furnas. Quando chegamos ao restaurante Tony’s reparamos que o cozido era apenas com marcação, mas com um choradinho lá conseguimos pedir o famoso prato. Disseram que ia demorar um bocado, cerca de 15 minutos, 2 minutos depois já estava na mesa.
É bem servido e tem muito bom aspecto, mas não gostamos. Talvez por todos os ingredientes serem cozidos ao mesmo tempo e o sabor ficar demasiado misturado, não sei, não gostamos. Troco pelo cozido que a minha mãe faz.
Outros petiscos:
Há alturas em que nos apetece algo mais leve, ou mais apenas petiscar ou lanchar. Para isso, e em Ponta Delgada, há diversos bares que servem refeições rápidas, petiscos ou bons lanches. Na marginal perto das portas do mar temos várias escolhas, desde pratinhos com marisco até aos gelados da farggi.
Para tentar prolongar um pouco a viagem sempre podemos trazer ananás, para comer e para oferecer, é mais doce e mais barato que o que se encontra à venda no continente.
Se ainda não visitaram os Açores vão lá assim que possível. Vale bem a pena, nem que seja para saborear um destes pratos.